terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Música do princípio ao meio

Com o desenvolvimento teórico da música e o aperfeiçoamento dos instrumentos, a música passa a ter uma importância maior dentro das sociedades. Isso não significa, que ela tenha mudado de função. CANDÉ (2001) escreve em seu livro "A história Universal da música", que a música

"permanece por um longo tempo um prolongamento, em esteio, uma exaltação da ação. Ligada à magia, à religião, à terapêutica, à política, ao jogo e ao prazer também, ela constitui um dos aspectos fundamentais das velhas civilizações. Sua transmissão será assegurada, de geração em geração, pela imitação, depois pelo ensino sistemático."


Acredita-se que ha mais de sete mil anos atrás já haviam civilizações musicais refinadas. E por mais que há vestígios de instrumentos, relatos lendários e uns poucos artefatos arqueológicos que comprovem a utilização da música por antigas civilizações "nenhum som nos vem das culturas mortas". (PAHLEN, 1966) A música da antiguidade está perdida no tempo e jamais saberemos como eram as músicas das civilizações mais antigas.

Mas como consolo, sabemos um pouc
o suas funções. Há diversos registros sobre a beleza, feitiço e poder que a música exercia nos habitantes das mais antigas civilizações.

Para os gregos, por exemplo, a música deveria ser do conhecimento de todos, pois era um caminho para a sabedoria. Tantos os aristocratas quanto os prisioneiros de guerra tinham o direito de usufruir a musica, pois esta elevava os sentimentos da alma tornando os homens justos e nobres e assim garantindo a prosperidade do estado. A música influenciava profundamente a sociedade em diferentes níveis, como afirmou Platão: "Não se pode mudar o que quer que seja nos modos da musica sem abalar a estabilidade do estado". Havia na Grécia por volta de VI séculos antes de Cristo, festivais internacionais de musica, onde solistas e grupos musicais apresentavam-se ao publico cosmopolita.

De forma geral, as primeiras "civilizações musicais" (China, Índia. Suméria, Assíria, Egito, Grécia, entre outras) entendiam que a música exercia um papel importante na sociedade. Estava presente nos cultos, nos banquetes, nas praticas de esportes, no trabalho e na guerra. Para cada ocasião existiam suas canções. Era a musica, já nas primeiras civilizações, uma forma de celebrar, alegrar, unir e alertar as pessoas. Estava sempre presente em cerimônias religiosas, e em boa parte dos povos, no trabalho e no lazer. Especula-se por exemplo, que os escravos construtores das pirâmides trabalhavam embalados por canções e ritmos musicais de trabalho, que os "empurravam" dia a dia na penante construção.

Por sua vez, os músicos tinham geralmente um papel social muito respeitado, principalmente pelo fato da musica ser associada ao poder divino, e assim sendo, o musico era nada menos que um transmissor deste poder.

Vale ressaltar, que apesar da música ser praticada por todos os níveis, em praticamente todas as sociedades, havia as canções próprias para cada grupo social. Na antiguidade, eram chamados de músicos, os instrumentistas e cantores que serviam ao estado, e as divindades, tendo um bom status social por isso. Já o instrumentista de camada social economicamente inferior, como escravo, por exemplo, era apenas um "fazedor de sons".

Na Idade Média a arte da música vai ser encarada também como ciência
a, e seu estudo trará grandes progressos à área. É nesse período que é desvendado o método de notação musical, método que perpetua uma musica através de sua escrita. A notação musical criada na idade média é amplamente utilizada até os dias atuais, sendo o único meio de escrita musical extremamente fiel. O músico pode ler e tocar a mais complexa melodia exatamente como foi composta pelo seu compositor sem jamais tê-la ouvido antes. É também nesse período que cresce a distancia entre a música de diferentes classes sociais. A música utilizada pela burguesia nos eventos políticos, nas igrejas e templos, nas academias e conservatórios, vai ser estudada, conceituada, aprimorada de forma geral e difundida pelo mundo. Porém essa música erudita e amplamente requintada não será do alcance de todos, os grandes mestres da arte de fazer musica terão seus nomes e suas obras na boca e nos ouvidos das altas sociedades, enquanto a maior parte da população ficará alheia de suas obras. Mas isso não prejudica a expansão da musica, com os seus mais variados fins, nas camadas sociais economicamente mais baixas, pelo contrário, a musica popular vai ganhando mais força (internamente), e vai ficando aos poucos cada vez mais questionadora, política, protestadora e mobilizadora.

Percebemos que a música há muito tempo já não é plenamente comum a todos. Existem "camadas musicais" assim como as camadas econômicas das sociedades. A distância entre essas camadas musicais aumentam e diminuem conforme os tempos, mas jamais deixarão de existir.

A música de cunho social, pouco a pouco vai ganhando forma mais evidente com o passar dos anos e com o aumento das desigualdades sociais, tal como, os questionamentos da sociedade sobre a real natureza dessas desigualdades.

Da mesma forma que a classes trabalhadora, ou a classe menos favorecida economicamente, atenta aos iguais das formas desiguais da sociedade, através da musica, o estado, a burguesia ou o grupo social economicamente favorecido utiliza a musica a seu favor em relação à sociedade.

A sociedade vai cada vez mais utilizar a música como uma ferramenta de mobilização social. Dia a dia, a música vai se mostrando uma excelente fonte divulgadora, questionadora, educadora, sem deixar de ter sua função entertedora e sua forma artística de expressão de sentimentos.


Um comentário:

  1. Eaí Giga, cara dei uma olhada por cima no blog, olharei mais calmamente outra hora.
    Aqui está o endereço do meu http://seisvogais.blogspot.com/
    Abraço!

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