sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Dois mil e onze vem aí

Com o fim de mais um ano aí na esquina, ouvimos a frase clássica: Como passou rápido este ano!
Existem muitas derivações dessa frase, mas a ideia é sempre a mesma: O ano passa, e a gente nem vê. E é verdade, passa rápido. É verdade também, que os dias deste ano tiveram as mesmas vinte e quatro horas dos dias dos outros anos. Que coisa ãnm!?

Mesmo sabendo que o último dia de dezembro é igual ao primeiro de janeiro, há algo de especial nisso tudo, afinal, dia primeiro é feriado. Além disso, jamais conseguiriamos dormir antes das duas horas da madrugada por conta dos fogos de artifício.

Pode parecer que eu não gosto de anos novos, mas não é isso. Gosto sim.
No fim das contas marcamos nossa vida em ciclos, e a cada ano podemos considerar um ciclo.
Mas sempre resta questionamentos...
Um segundo muda o que?
Bom em princípio não muda nada, mas nos resta a esperança de que este ciclo, será melhor do que o passado.
Outra questão é o ano novo. Este é subjetivo, pois apesar de acreditarmos que estamos em um novo ano, há muitos que não marcam a chegada de um novo ano no dia primeiro de janeiro, os judeus, os chineses...

Enfim... Que este ano que começa para nós agora, seja um ótimo ano. Que seja o melhor dos anos até então.
Viva a esperança!
Viva 2011!!

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Música do princípio ao meio

Com o desenvolvimento teórico da música e o aperfeiçoamento dos instrumentos, a música passa a ter uma importância maior dentro das sociedades. Isso não significa, que ela tenha mudado de função. CANDÉ (2001) escreve em seu livro "A história Universal da música", que a música

"permanece por um longo tempo um prolongamento, em esteio, uma exaltação da ação. Ligada à magia, à religião, à terapêutica, à política, ao jogo e ao prazer também, ela constitui um dos aspectos fundamentais das velhas civilizações. Sua transmissão será assegurada, de geração em geração, pela imitação, depois pelo ensino sistemático."


Acredita-se que ha mais de sete mil anos atrás já haviam civilizações musicais refinadas. E por mais que há vestígios de instrumentos, relatos lendários e uns poucos artefatos arqueológicos que comprovem a utilização da música por antigas civilizações "nenhum som nos vem das culturas mortas". (PAHLEN, 1966) A música da antiguidade está perdida no tempo e jamais saberemos como eram as músicas das civilizações mais antigas.

Mas como consolo, sabemos um pouc
o suas funções. Há diversos registros sobre a beleza, feitiço e poder que a música exercia nos habitantes das mais antigas civilizações.

Para os gregos, por exemplo, a música deveria ser do conhecimento de todos, pois era um caminho para a sabedoria. Tantos os aristocratas quanto os prisioneiros de guerra tinham o direito de usufruir a musica, pois esta elevava os sentimentos da alma tornando os homens justos e nobres e assim garantindo a prosperidade do estado. A música influenciava profundamente a sociedade em diferentes níveis, como afirmou Platão: "Não se pode mudar o que quer que seja nos modos da musica sem abalar a estabilidade do estado". Havia na Grécia por volta de VI séculos antes de Cristo, festivais internacionais de musica, onde solistas e grupos musicais apresentavam-se ao publico cosmopolita.

De forma geral, as primeiras "civilizações musicais" (China, Índia. Suméria, Assíria, Egito, Grécia, entre outras) entendiam que a música exercia um papel importante na sociedade. Estava presente nos cultos, nos banquetes, nas praticas de esportes, no trabalho e na guerra. Para cada ocasião existiam suas canções. Era a musica, já nas primeiras civilizações, uma forma de celebrar, alegrar, unir e alertar as pessoas. Estava sempre presente em cerimônias religiosas, e em boa parte dos povos, no trabalho e no lazer. Especula-se por exemplo, que os escravos construtores das pirâmides trabalhavam embalados por canções e ritmos musicais de trabalho, que os "empurravam" dia a dia na penante construção.

Por sua vez, os músicos tinham geralmente um papel social muito respeitado, principalmente pelo fato da musica ser associada ao poder divino, e assim sendo, o musico era nada menos que um transmissor deste poder.

Vale ressaltar, que apesar da música ser praticada por todos os níveis, em praticamente todas as sociedades, havia as canções próprias para cada grupo social. Na antiguidade, eram chamados de músicos, os instrumentistas e cantores que serviam ao estado, e as divindades, tendo um bom status social por isso. Já o instrumentista de camada social economicamente inferior, como escravo, por exemplo, era apenas um "fazedor de sons".

Na Idade Média a arte da música vai ser encarada também como ciência
a, e seu estudo trará grandes progressos à área. É nesse período que é desvendado o método de notação musical, método que perpetua uma musica através de sua escrita. A notação musical criada na idade média é amplamente utilizada até os dias atuais, sendo o único meio de escrita musical extremamente fiel. O músico pode ler e tocar a mais complexa melodia exatamente como foi composta pelo seu compositor sem jamais tê-la ouvido antes. É também nesse período que cresce a distancia entre a música de diferentes classes sociais. A música utilizada pela burguesia nos eventos políticos, nas igrejas e templos, nas academias e conservatórios, vai ser estudada, conceituada, aprimorada de forma geral e difundida pelo mundo. Porém essa música erudita e amplamente requintada não será do alcance de todos, os grandes mestres da arte de fazer musica terão seus nomes e suas obras na boca e nos ouvidos das altas sociedades, enquanto a maior parte da população ficará alheia de suas obras. Mas isso não prejudica a expansão da musica, com os seus mais variados fins, nas camadas sociais economicamente mais baixas, pelo contrário, a musica popular vai ganhando mais força (internamente), e vai ficando aos poucos cada vez mais questionadora, política, protestadora e mobilizadora.

Percebemos que a música há muito tempo já não é plenamente comum a todos. Existem "camadas musicais" assim como as camadas econômicas das sociedades. A distância entre essas camadas musicais aumentam e diminuem conforme os tempos, mas jamais deixarão de existir.

A música de cunho social, pouco a pouco vai ganhando forma mais evidente com o passar dos anos e com o aumento das desigualdades sociais, tal como, os questionamentos da sociedade sobre a real natureza dessas desigualdades.

Da mesma forma que a classes trabalhadora, ou a classe menos favorecida economicamente, atenta aos iguais das formas desiguais da sociedade, através da musica, o estado, a burguesia ou o grupo social economicamente favorecido utiliza a musica a seu favor em relação à sociedade.

A sociedade vai cada vez mais utilizar a música como uma ferramenta de mobilização social. Dia a dia, a música vai se mostrando uma excelente fonte divulgadora, questionadora, educadora, sem deixar de ter sua função entertedora e sua forma artística de expressão de sentimentos.


sábado, 18 de dezembro de 2010

Nem tudo vem em pacote TOMO I

Mais uma da séria série: Existe vida inteligente no trasporte público?


Embarquei na Estação Mercado, e depois de uns empurrões e cotovelaços em mulheres e crianças na porta do trem, consegui sentar-me entre um cão-guia e uma bicicleta. Saquei da mochila meu textinho sobre simulacros, cultura de consumo e, tal e coisa. Antes mesmo de o trem partir, uma senhorita com uma dezena sacolas de lojas finas em mão, me aperta entre o cão-guia e a bicicleta. Seus olhos cansados fitavam-me e diziam:
- Olha moço, estou cansada, cheia de sacolas, deixa-me sentar.
E o meu olhar egoísta respondia:
- Azar o seu!
Mas sabia eu, que meu egoísmo não duraria muito tempo se ela continuasse a olhar-me daquela forma. Pensei: - Porque ela não olha pro cachorro, ora bolas? Ele é quem deveria ficar em pé, afinal de contas ele não pagou o bilhete. Mas ela só via a mim.
Eu tinha que achar uma maneira de ficar sentado, sem morrer seco por essa moça, afinal, eu também estava cansado e minha viagem era longa. O trem partiu da estação inicial e meu olhar se dividia entre o texto sobre não-lugares e o lugar onde eu estava. Olhando o balançar das sacolas de pacotes, lembrei da canção que dizia "nem tudo vem em pacote..." e... Eureca!! Era o consumismo da senhorita das sacolas me dando a solução.
Imediatamente peguei o mp3 coloquei os fones no ouvido, encostei a cabeça na janela, fechei os olhos, e pronto: Agora não há mais ninguém de pé me olhando!
Uma estação depois, entra uma dúzia de senhoras oriundas da de um culto evangélico, e numa breve espiadinha para ver a quantas andava o trem superlotado, o Semancol 350mg fez efeito e eu cedi o lugar para uma das senhoras. Fiquei entre a bicicleta e as sacolas, e louco da vida porque o cachorro não fez nenhuma menção de se levantar.
As ideias não surgem em escala industrial - Dizia à canção que embalava-me em minha viagem.
Estava eu ali, apertado entre proletários sul-riograndenses, voando alto, rumo ao infinito, no balancê de meus devaneios entre as minhas idas e vindas.
Enquanto a Estação de Meu Bem não chegava, a canção continuava "...nem tudo que é verde é 100% natural..."

Nisso, surge-me lembranças dos campos de algodão e dos amigos que lá deixara. A saudade batia no peito na mesma intensidade em que Netinho de Paula batia na mulher. Forte. Beeem forte. Lembrava-me dos saudosos amigos e das nossas conversas sobre a vida, o universo e tudo mais. Nós nas esquinas do mundo, de copos cheios, cheios de ideias amassadas assim como nossos cabelos. A idade nos dava uma pá de incertezas, mas em nossos sorrisos havia a marca da certeza de que nem em outra lua a nossa amizade seria menor. Caminhando, cantando, e seguindo o irmão era o lema, porque não havia a necessidade de saber para onde se ia, desde que fossemos juntos.

No trem, as mesmas conversas: "Estou procurando emprego em Porto Alegre..." "Tirei 0,3 na prova de cálculo II..." "Comi um rizoto hoje, guria..." "O Matheus me deixou..." E a canção dizia Nem toda separação é fatal.
No autofalante do trem, aquele som mais abafado que grito de surdo dizia: Estação Canoas

Ah! Em quantas canoas furadas naufragamos!? – Várias. Mas sabíamos todos nós, que a culpa estava nas ilusões. Eram muitas. Havia tantos sonhos compartilhados, que volta e meia dava tilt. E meia volta depois estávamos todos prontos pra outra. E entre uma ensolação e um churrio, o consolo: Era apenas um efeito colateral de nossa insistência por um lugar ao sol.
Enquanto meu lugar ao sol não se apresenta, me contentaria muito com um lugar para sentar.

Notava, que o cachorro andava meio impaciente, dando sinais de que a estação de destino do seu amigo se aproximava. Era minha chance. Nem tudo vem em pacote, nem tudo vem pronto pra usar... Seguia a canção na hora em que meu telefone se manifesta. Desesperado para atender o telefonema de minha doce amada, que me aguarda no final de minha viagem, perco a chance de sentar-me no lugar desocupado pelo cão.
Putaquiejhgdutfbvgapariu! – Não rolou!

...
Nada vem de graça é preciso trabalhar...
E trabalhávamos. Como trabalhavamos. Era o Q de responsabilidade que nos cercava, em meio a tanta irresponsabilidade inerente à idade. Noites e mais noites dividindo sonhos, histórias, promessas e Doritos. E no outro dia, tinha "mãe ficando doente", cachorro comendo as chaves do carro. Tinha quem "pegava gripe", quem que jurava que não havia feito nada durante a noite toda. "Cheguei em casa ontem e dormi às 22h!"
Aham...
Tinha de tudo.

Mas eramos muito responsáveis. Sempre lutávamos para não sair de casa. Antes da banda, tinha sempre a aquele... Momento Docinho, antes de sair:
- Bah meu! Não posso sair hoje, amanhã tenho que trabalhar!
- Ah! Qualé a tua? Minhoca! Vai te emburacar? Todo mundo trabalha, bixo!
- Vai deixar teus amigos na mão?
- Não, Jamais!

Era o espírito colaborativo. Era o coleguismo e nossas "forças produtivas".


... Continua...

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Não há com que se preocupar

Assinei o ponto. Sai pela porta com a pressa de quem corre para ganhar o ouro nos cem metros rasos. Atravessei o parque concentrado em fazer o deslocamento no menor tempo possível, afinal eu tenho pressa, e tanta coisa me interessa.


Escorado no ponto de ônibus, dividia o olhar entre o relógio e o horizonte que prometia o ônibus. A cabeça parecia uma panela de pressão. Para contribuir na melhora do estado e espírito, um calor insuportável do chamado veranico de Forno Alegre. Alguns longos 5 minutos se passaram e o ônibus surgiu, e como de costume, entupido de gente.



Oh, calor humano, que delicia!



E eu ali, preocupado com a prova, me sentindo uma sardinha enlatada perdida em meio as águas das cataratas de Foz de Iguaçu.



Em meio a esse perto todo, encontrei um velho amigo, e só pelo meu semblante, perceeu que eu andava estressado. Ele me disse:



- Giga, estress causa queda de cabelo, gastrite, impotência, entre outros. Relaxa!



- Como é possível relaxar dentro de um ônibus com oitossentas pessoas?



- Caro Giga, na vida há apenas duas coisas com que você deve se preocupar: Se você esta bem ou se você esta doente. Se você esta bem, então não há com que se preocupar. Qual seria o motivo de preocupação se você tem saúde? Nenhum! Mas se você estiver doente, então há apenas duas coisas com que se preocupar, e somente duas coisas: Se você vai se curar ou se vai morrer. Essas são as únicas coisas com você deve se preocupar. Se você vai se curar, então fique tranqüilo, afinal, não há nada com que se preocupar se você vai ficar bem. Mas se você vai morrer não se apavore, pois neste caso só haverá duas coisas com que se preocupar: Se você vai para o céu, ou se você vai para o céu. Meu amigo, se você vai morrer e vai para o inferno, então fica claro que não há motivo para preocupação. Quem não gostaria de ir para o céu? O céu é um lugar tranquilo, calmo e totalmente livre de preocupações. Agora se você vai morrer e vai para o inferno... Bom meu amigo, se você vai para o inferno, ficara tão ocupado cumprimentando velhos amigos que não sobrará tempo para se preocupar.





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