terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Música popular

Seguindo a série sobre música e sociedade:

A Infinita sinfonia dialética, está presente também, na música popular social, e na música popular comercial.

A música comercial é produzida com o intuito de movimentar bons fundos financeiros, e utiliza os meios de comunicação em massa para entreter milhões de pessoas e render boas verbas. Lembre-se, que a música e a sociedade, interagem de forma recíproca desde os tempos mais primitivos. É uma, espelho da outra.

Não há porque pensar que a música não sofreria as mutações trazidas pelo modo de produção capitalista. A música é mercadoria, e pode ser de grande valia no mercado.

Seria o lado artístico do capitalismo, ou o Capitalismo da arte?

A mercadoria música, abrange praticamente todos os gêneros musicais, e todas as camadas musicais da sociedade. A música de valor, é aquela que abrange um maior tipo de produto, aquela que vincula canção à mercadorias. A indústria da música sofre o mesmo processo de qualquer outra empresa capitalista. Quanto maior a exposição, maior é procura pelos efêmeros consumíveis relacionados. Quanto mais lucro, maior publicidade, maior consumo, maior apelo público e por aí vai...

Música não vende apenas álbuns e shows de artistas. Vende revista, festa, bebida, camiseta. Vende boi, vende terra, vende voto, vende tv, jornal, vende até terreno no céu.

“A atual utilização da música, com função propagandística é decorrência do processo de transformação de música em mercadoria e do seu conseqüente despojamento de valores intrínsecos” (ADORNO, 1982).

A música comercial não se trata exatamente da música de publicidade. A música está na mídia, e é usada com base publicitária. Toda música usada em publicidade, obviamente é comercial, porém, nem toda música comercial é usada em publicidade. Como a música é de fácil memorização é utilizada amplamente em campanhas publicitárias, além disso, pode ser uma forma aproximar um produto à realidade do consumidor, que apesar de não estar dentro do público que consome determinado produto, consome determinado tipo de música, e a música traz esse elo de ligação entre o produto e o consumidor.

É o caso da indústria e do mercado de roupas, para se ficar apenas com um exemplo; uma vez que o cantor de sucesso também assume uma função publicitária ante o grande público. Por sua vez, os astros dos hits tendem a assumir formas de representação, cuja dimensão cênica só enfatiza e assume a força da interpretação a que a canção é submetida. (Corrêa, 1989)

Além disso ela determina estereótipos utilizados pelo grupos sociais pra interagirem sobre si e para destacarem-se de outros grupos. A música pode servir de rotulo, e usado pelo individuo para identificar suas preferências sociais. Pode ser o escudo social do individuo, ou pode ser seu reflexo social.

O fato de a música ser objeto de consumo, não a desqualifica como arte. O fato é, que essa música que denominamos de comercial atinge a massas e influencia-as fortemente, alienando-as ou não.

Dentro da música comercial há a música popular social, que também pode ser comercializada, mas seu objetivo é outro. O que chamo de música social é aquela produzida com o intuito ideológico, transformador, informador, político e mobilizador. A música que junta milhões de pessoas à uma luta.

No inicio da década de 1960, no Brasil, emissoras de a tevê (principalmente a TV Record, de São Paulo) organizam grandes festivais de música e juntam grandes platéias. Nestes festivais, havia certos Movimentos musicais, como a Bossa Nova e a Jovem Guarda, que dividiam espaço com artistas vinculados a movimentos estudantis que apresentavam músicas de cunho político. O período era de grande tensão política. Em 1964 inicia o período conhecido como “Os anos de chumbo” — A ditadura militar no Brasil (1964-1985). O fim da democracia traz consigo o aumento de manifestações artísticas de cunho social. Inúmeros artistas envoltos em movimentos sociais espalham em músicas suas ideologias e contribuem na informação e mobilização social contra a ditadura militar.

Em 67 dentro destes festivais surge o movimento conhecido como Tropicália, que surge de uma espécie de movimento contracultural. Esse movimento, tem como grande diferencial, a produção musical mais condizente com a realidade social do país, e a oposição ao regime.

Em 68 com a instituição do A. I. nº 5 a música social começa a ser fortemente combatida pelo governo. A censura à produção musical social já existia antes do A.I. 5, porém após este, é ampliado a repressão, e músicos com Caetano Veloso e Gilberto Gil (membros da Tropicália) são presos e posteriormente vão se exilar fora do país. Nesse período uma canção só poderia ser gravada e vendida se o governo entendesse que não há nesta obra uma ofensa a moral, a religião e principalmente ao regime. Mesmo assim as músicas de protesto, seguem sendo compostas com o mesmo intuito de antes, apesar de um cuidado maior com a “maquiagem”, seguem junto ao povo em sua caminhada rumo a democracia. Durante todo o período de ditadura, houve manifestações e passeatas de mobilização popular, organizada por estudantes, artistas e trabalhadores. Nesse período estudantes criam os Centros Populares de Cultura onde há a intenção de aproximar a cultura popular militante às massas. A cultura musical desse período brasileiro está intimamente ligada a revolta política.

Aí está a canção social, a música coletiva que é uma das ferramentas de mobilização social junto às massas.

2 comentários:

  1. Ótimo texto!
    Fiz meu relatório de estágio de Ensino Médio sobre música brasileira/música de mercado. Como trabalhei com arquivos de jornais com o tema MPB, pude desenvolver o tema, e ficou bem interessante (ganhei distinção, hehehe). Quando quiser dar uma lida, as ordens!
    Beijo!

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