sábado, 24 de abril de 2010

Arrogância abstrata

Tenho uma amiga que me dizia com certa frequência que eu tinha tudo para ser o cara mais arrogante da face da terra. Dizia ela, que eu tinha dois dos maiores pré-requisitos para isso, o primeiro era ser leonino, e o outro era estudar história.

Imagine você: Leonino historiador. O cúmulo da arrogância.


Pra ser bem sincero, não me incomodo nem um pouco com esse tipo de comentário, tirando a parte do leonino, acho que tem bastante fundamento. Não que eu esteja defendendo os leoninos, mas não acredito que personalidade possa ser determinado pela data de nascimento. Então, o fato de um cara se achar o tal, não tem nada a ver com ele, ser ou não ser, de terminado signo.


Mas em relação a estudar história...

Dos historiadores que eu conheço, e entre meus pares, essa mania de se achar a cerveja mais gelada da geladeira é bem comum.
A queridíssima Dra. em história Ana Inez Klein comentou certa vez:
- Nós historiadores somos sempre os chatos da galera, sabemos de tudo, tomamos posição sobre quaisquer tema, na mesa de bar queremos discutir nossas teses, somos no geral, do contra. Somos uns malas!

Sua constatação fez com que eu fizesse uma breve reflexão sobre o tema.

Partimos do princípio que é impossível compreender o presente e projetar o futuro, sem ter o conhecimento do passado. Como o objeto de estudo do historiador é esse tal de passado, concluímos que este, teoricamente, tem uma boa compreensão do presente. Ou simplesmente, acredita que tem. E fica simples assim.
O fato do indivíduo ter passado um boa parte do seu tempo estudando os que outros fizeram à algum tempo, dá a ele um crédito, vários créditos eu diria. E aí entra a minha ideia do clips (ler o texto: Clips). Mais isso não quer dizer que historiadores são os donos da verdade, até porque a história não passa de interpretações e suposições sobre o passado. E no fundo a verdade não existe. Ou melhor, a verdade até existe, porém ninguém tem certeza sobre ela.

Em vários debates na hora do amado cafézinho, bati na mesma tecla: O cara que tem um nível considerável de conhecimento em determinado assunto, tem uma tendência de ser um cara chato, arrogante. Ele detém o conhecimento de algo, e se acha mais importante por isso. Isso não só entre historiadores. E isso também não quer dizer, que todo sábio é prepotente e arrogante.


Mas o que me emputesse mesmo, é a tal de arrogância abstrata. É esse tipo, que usa de um título doutor, para impor suas ideias, não aceitar opiniões contrárias, lecionar de forma tradicional e não admitir nada disso. Acredita que sabe mais que você, porque tem um título na parede de casa. E não vou ser bobo a ponto de dizer que ele não sabe mais que eu em determinados assuntos, afinal, ele estudou muito mais que eu, já refletiu muito sobre muita coisa, embasado em N coisas. Merece respeito por isso, teve que se esforçar para ter esse título. Tem seus méritos. Porém, não posso admitir que ele seja detentor da única hipótese "verdadeira".

Esse tal arrogante abstrato, é aquele detentor do conhecimento, fala e obriga que você escute, nunca está para brincadeira, e também não está muito atento para o que você pensa, a menos que ele possa ser contrário a sua opinião, (provavelmente vai ser) aí então, ele vai prestar muita atenção no que você diz, para depois ir contra.

Esse arrogante abstrato, é criado na mesma família que o Humilde com "H" maiúsculo e dourado, e estou com medo de saber que é o chefe dessa família.

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